APDES na Primeira Pessoa: as Nossas Estagiárias

A APDES recebe estagiários em três projetos: o GIRUGaia, o Gabinete de Intervenção em Saúde e o Porto G.

Estes são estágios curriculares de diferentes cursos: Educação Social na ESE, Psicologia da Justiça e do Comportamento Desviante dna FPCEUP, Criminologia na FDUP,

Bianca Pereira e Sofia Costa, estagiárias do Porto G

Ana Rita Henriques, estagiária GIRUGaia

Eu, Ana Oliveira, 20 anos, e a Bárbara Oliveira, 22 anos, (AO e BO) somos estudantes do terceiro e último ano do curso de Educação Social na Escola Superior de Educação do Porto. Atualmente estamos a realizar o projeto na Associação Protetora da Criança (APC), uma das instituições que compõe a Rede Proteger +, parceira do Gabinete Intervenção em Saúde.

Então, eu chamo-me Ana Rita Henriques Meira (ARM), tenho 23 anos e estou a frequentar o curso de Psicologia na FPCEUP, mais precisamente no mestrado de Psicologia da Justiça e do Comportamento Desviante. Sou estagiária do GiruGaia.

Sou a Bárbara Rêgo (BR), tenho 21 anos e estou no 4º ano da licenciatura em Criminologia na FDUP. Estou a estagiar no projeto GIRUGaia: uma equipa de redução de riscos que atua diretamente com pessoas que utilizam drogas.

Chamo-me Bianca Pereira (BP), Tenho 21 anos e frequento o último ano da licenciatura de Criminologia, na Faculdade de Direito da Universidade do Porto. Estou a estagiar no Porto G.

Sou a Sofia Costa (SC), tenho 23 anos e estou a frequentar o mestrado de Psicologia do Comportamento Desviante e da Justiça da FPCEUP. Estou a realizar o meu estágio curricular no PortoG.

AO e BO: O nosso estágio consiste primeiramente numa análise da realidade da instituição onde estamos inseridas, de forma a compreender bem o seu funcionamento, para posteriormente desenhar e desenvolver um projeto que visa a emancipação dos sujeitos. Por gosto pessoal gostaríamos de estar no contexto de crianças e jovens em risco e após uma pesquisa percebemos que APDES intervém nessa área. Desta forma, foi-nos dada a possibilidade de integrar no GIS.

ARM: O meu objetivo era fazer o meu estágio curricular e a minha tese em diferentes vertentes. Assim, estou neste momento em estágio no GiruGaia, um dos projetos da APDES, que trabalha com pessoas que utilizam substâncias psicoativas e em simultâneo estou a fazer a minha tese sobre o grooming sexual que, explicando de uma forma muito resumida, consiste na preparação da vítima, por parte do agressor, para o abuso.

BR: Escolhi estagiar no GiruGaia pois, apesar de não ter um vasto conhecimento sobre o trabalho de redução de riscos no âmbito do consumo de drogas, sempre achei ser algo de grande relevância e que tinha interesse em explorar e conhecer mais.

BP: Sendo a área que mais admiro na Criminologia, a redução de riscos, o âmbito deste estágio na APDES é aprimorar os meus conhecimentos nesta área, perceber por experiência o que é trabalhar no terreno e ficar apta a trabalhar nesta área, seja com a população-alvo do Porto G ou com outra.

SC: O estágio é no âmbito do Mestrado de psicologia do Comportamento Desviante e da Justiça da FPCEUP. O meu interesse pela área da redução de riscos em geral, e no trabalho sexual em particular, surgiu na faculdade com aulas da Dra Marta Pinto e Dra Alexandra Oliveira. O PortoG sempre nos foi apresentado como um modelo de boas prática em redução de riscos o que resultou num grande interesse em ingressar neste projeto.

AO e a BO: Nos primeiros meses dirigíamo-nos à APDES duas vezes por semana com vista a conhecer o seu funcionamento, com se organiza e como intervém. O nosso dia-a-dia é marcado pela presença em reuniões de equipa, participação de eventos, de observar e compreender como este intervém. Com o apoio do GIS, surgiu a oportunidade de desenhar um programa de intervenção para uma das casas de acolhimento parceiras (APC). Como o trabalho do GIS, neste momento, dirige-se para jovens em autonomia de vida e sendo este uma preocupação sentida pela casa de acolhimento, consideramos que seria pertinente desenhar um projeto no mesmo âmbito uma vez que temos todas as condições para tal.

O nosso projeto, ainda em fase de desenho, está pensado para os jovens dos 14 aos 19 anos da APC e tem como finalidade promover a autonomia destes através do desenvolvimento de competências sociais, pessoais e profissionais que lhes permitam a realização de tarefas do quotidiano. Para isso serão abordados vários temas como gestão financeira, organização da casa e aproximação aos serviços públicos.

ARM: Os meus dias na APDES são muito variados, desde trabalho de rua, acompanhamentos e  trabalho em gabinete. Quando vou com a equipa para o terreno faço diversas tarefas: desde entrega de material esterilizado para o consumo, entrega de recados aos utentes ou até conversar um pouco com eles. Para além disto, faço acompanhamentos, que consistem em acompanhar os utentes aos mais variados serviços da comunidade, sendo que o GiruGaia é o elo de ligação. No trabalho de gabinete, posso estar a ler processos dos utentes, a introduzir os dados no SPSS, entre outras coisas que sejam necessárias. Já participei em idas ao banco alimentar, um recurso bastante importante para a equipa pois permite a entrega de snacks. A participação em reuniões é também uma parte de que gosto muito, sejam estas reuniões numa freguesia ou reuniões de equipa, que se realizam todas as semanas, e que são uma das atividades nas quais participo e considero fundamentais. Nestas, tenho tido a oportunidade de acompanhar o trabalho da equipa, o que me tem permitido desenvolver raciocínio critico bem como aumentar a flexibilidade do meu pensamento. Este tipo de contextos obriga-nos a pensar em conjunto o que implica muitas vezes termos de adaptar ou ajustar o nosso pensamento ao do outro para que seja possível chegarmos a uma decisão consensual.

BR: O meu estágio decorre de segunda a quarta-feira. Os meus dias na APDES envolvem, em suma, saídas de manhã com a carrinha do GIRUGaia para auxiliar os utentes e lhes disponibilizar metadona assim como material esterilizado para consumo, a realização de acompanhamentos a locais como hospitais e centros de saúde, e a inserção digital dos dados relativos a estas atividades.

BP: Tenho ocupado a maioria dos meus dias de estágio no PortoG com a tradução livre de documentos de organizações internacionais em torno do tema da proteção dos direitos das pessoas que fazem trabalho sexual, no âmbito do projeto POWER. Além desta tarefa, também organizo o material que será distribuído em terreno. Recentemente, a introdução de dados nas bases de dados também tem sido uma responsabilidade minha e da Sofia, como forma de nos familiarizarmos com a população e as atividades realizadas em terreno.

SC: Os dias na APDES são bastante diferentes entre si. Tanto posso ocupar-me de questões mais burocráticas como de questões mais práticas. No entanto, há uma constate! A boa disposição dos elementos da equipa, sem dúvida.

AO e BO: Destacamos na APDES a resposta alargada e o apoio a vários públicos, a metodologia utilizada, ou seja, investigação-ação que acreditámos ser uma mais-valia na intervenção com os grupos. Além disso, destacamos a informalidade e entre-ajuda entre os profissionais assim como, a partilha, a discussão e as reflexões presentes diariamente. Mais concretamente, nas reuniões de intravisão, que no nosso ponto de vista são um ponto forte pois permite um bom ambiente na organização e uma intervenção mais adequada.

ARM: Considero que estar na APDES tem sido uma mais valia. A participação em várias tarefas tem-me permitido ganhar uma visão mais ampla e completa do que é trabalhar na área social/comunitária e a importância que esta tem para as muitas pessoas que dependem dela, assim como o que é trabalhar em equipa e os desafios quotidianos que isto traz!

BR: Devo destacar o trabalho realizado, não só pelo GIRUGaia, mas também por outras equipas da APDES que tive a oportunidade de conhecer. No trabalho que me é mais próximo, destaco os benefícios verificados na saúde das pessoas que auxiliamos. Destaco igualmente a proximidade que é possível ter com as mesmas e a relação de confiança técnico-utente que acaba por ser construída. Esta relação faz com que o trabalho que fazemos se seja, a meu ver, mais fácil e eficaz. Por fim, destaco o ambiente de trabalho na APDES, do qual gosto imenso, pois sinto-me rodeada de pessoas de grande simpatia e que realizam o seu trabalho com uma notável preocupação em ajudar quem precisa.

BP: O que mais me motiva nesta fase da minha vida académica é o empenho que os/as Técnicos/as demonstram no seu dia-a-dia, de outra perspetiva, o amor que os mesmos depositam em todas as suas tarefas. Além disso, o ambiente familiar que a APDES proporciona, tanto em gabinete como no geral, é fantástico e um grande incentivo ao bom trabalho!

SC: O que destaco do meu tempo da APDES é a conferência final do projecto TransR e o Think Thank do projeto POWER. Estes dois momentos permitiram-me contactar com especialistas na área do trabalho sexual, ativistas e trabalhadores/as do sexo. Estas experiências contribuíram para alargar o meu conhecimento dentro da área, assim como reforçar o meu entendimento do papel e importância do ativismo.